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sábado, 23 de agosto de 2008

O VELHO, O MENINO, O BURRO... E A VÉIA DA PAINEIRA



Quem não se lembra da historinha: o velho, o menino e o burro? Vinha o roceiro com seu filho em direção à cidade, montados em um burro. Logo passou um cidadão que comentou:
-Que covardia! dois marmanjões montados em um pobre burrro.
O velho mandou o menino descer e ir a pé. Passou outra pessoa e disse:
-Que maldade, o marmanjão vai montado, enquanto o pobre menino vai a pé...O velho desceu do burro e mandou o menino montar. Logo outro palpiteiro disse:
-Que falta de educação, o pobre velho vai a pé e o menino sadio vai montado... resolveram então carregar o burro. O animal mansinho gostou da idéia, logo outro palpiteiro disse:
-Que disparate! dois burros carregando outro, resta saber qual dos três é o mais burro...
O velho gritou soltando o burro:
-Sou eu! ha mais de uma hora venho querendo tapar a boca do mundo, de agora em diante só vou fazer o que eu achar que está certo e quem não gostar que se f...
Foi o "intróito" para o causo da véia da paineira. Há muito tempo, havia em minha cidade uma velha rabugenta, tipo D. Clotilde, a "bruxa do 71" do seriado Chaves. Ela morava sozinha em uma casa com um enorme quintal, cheio de árvores frutíferas. As laranjeiras e as mexeriqueiras vergavam sob o peso das frutas. Jaboticabas do tamanho de bolas de sinuca. Se um moleque entrasse em seu quintal ela o agarrava pelas orelhas e o entregava aos pais, ameaçando entregá-lo à policia. Tinha fama de feiticeira. Se por acaso ela desse alguma fruta aos vizinhos, eles pegavam com a mão esquerda e jogavam fora, temendo algum feitiço. Implicava com os moleques que brincavam em sua porta. Dentro de seu quintal, em frente a sua casa tinha uma majestosa paineira de flores cor-de-rosa. Quando ela florescia era um espetáculo. Quando suas sementes eclodiam, e as painas caiam, o terreno ao lado da Paineira parecia um campo orvalhado. O joão de barro, fez sua casa em seu mini-fúndio: um dos galhos da paineira.
Dizem que a crise na época ficou tão "braba", que o joão de barro, para conseguir um dinheirinho, aluguou sua casa para o pardal e foi morar com a sogra...
A molecada se vingava da velha chamando-a pelo apelido:
-Ei dona Cota da Paineira! e repetiam aquilo como se fosse um disco furado. Até que a velha irritada, mandou dois homens cortarem a paineira. Naquele tempo não existia a Lei 9.605, de crimes ambientais. Por um capricho, da bela e altaneira árvore, em pouco tempo só restou um enorme toco e um monte de madeira imprestável.
Aí a molecada não perdoou, e gritava:
-Ei dona Cota do Toco! e repetiam até a exaustão. A velha irritada, mandou dois homens arrancarem o toco. Depois de muito trabalho ficou só a enorme cratera, parecendo um vulcão exinto. A molecada gritava:
-Ei dona Cota do buraco aberto! A velha mandou então aterrar o buraco.
A molecada gritava:
-Ei dona Cota do Buraco entupido!
E a velha não teve outra alternativa: vendou a casa e mudou-se para lugar ignorado.

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